5 de abril de 2012

Um pouco mais sobre mim (Parte 2)

Por Marcos Lodi:

Meus dias estavam centrados na escola de samba e na obesidade que se agravava. Cheguei a ser cogitado para rei momo e coloquei até coroa improvisada num evento carnavalesco. “Eu nasci assim para ser assim”: Eis o meu pensamento. Até parece a sindrome da Gabriela, a qual ja me referi em texto publicado neste mesmo blog. Leia texto completo: http://www.quandoeprecisoreagir.blogspot.com.br/2010/04/sindrome-da-gabriela.html
Participar dos desfiles carnavalescos já resumia a minha vida.  Enquanto me adequava ao que a vida me oferecia eu era novamente o gente boa, simpático, entretanto preocupante. Isso mesmo. Já estava acima dos 200 kg e sem forças para cantar devido a apnéia. Ganhei troféus por mérito nos primeiros cinco anos de carreira e nos seguintes fui congratulado tamanha a pena pelo meu estado. Era um rapaz “espaçoso”, cansado, um peso para muitos, literalmente

 
Na vida amorosa algumas namoradas e muitas mentiras. Vivia em função de maquiar os problemas e mostrar ao mundo tudo aquilo que eu queria ser e na verdade estava longe de existir. Não conseguia enxergar que somente alguém especial e preparada por Deus verdadeiramente poderia se sujeitar a conviver com um obeso mórbido. Enquanto isto não ocorria sempre apareciam mulheres de conveniência que tinham na minha figura a pessoa mais apropriada para dar alguns beijinhos e colocar de graça para dentro dos eventos. Pobre Marcos!
Eu pesava 200kg, candidato a rei momo, frustrado emocionalmente e na vida sentimental. Uma pessoa que procurava despertar atenção dos outros e só conseguia endividar, trazer problemas para a família, ser péssima companhia para os amigos.
No carnaval tinha sambas, alguns amigos, mas na maioria parceiros de copo e conveniência. Tinha a capacidade de escrever um samba rapidamente, venci disputas importantes na minha cidade. Cheguei ao RJ e fui semifinalista na Beija-Flor de Nilópolis em 2005. Plantei muito e colhi uma divida proveniente de aluguel de carros para viajar pelo Rio de Janeiro. Um transtorno que meu pai se viu obrigado a pagar. Tudo pelo simples fato de não conseguir entrar num ônibus por vergonha de encarar a sociedade.
Pedi socorro, psicólogo, ajuda. Porém, hoje entendo que renascer estava dentro de mim e precisava realmente desejar isso para alcançar os resultados.
E você, como encara situações como estas que passei? Quantos relacionamentos mal resolvidos ainda em andamento? Quantas desculpas esfarrapadas e mentiras deslavadas a fim de transmitir uma alegria maquiada?
Fui punido pelos meus próprios erros. Porém, sem eles não haveria nenhuma experiência de vida que pudesse expôr de forma tão intensa como aqui.

No próximo encontro estarei concluindo esta pequena biografia. Falarei sobre a faculdade, cirurgia, desafios e a grande prova de minha vida, resultante nesta "Questão de Peso".

Até mais!

3 comentários:

  1. Tu é forte, por isso é tão especial!
    Ansiosa para o próximo post.

    @danysussa

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  2. Caro Marcos,somente quem passou pelo drama da obesidade sabe do que se trata ser duramente punido pelas consequencias da compulsão alimentar,qual graças a Deus e com sua permissão,através da gastroplastia,vê.se a verdadeira luz no fim do tunel.
    Um grande abraço,continuo acompanhando,somos guerreiros vitoriosos para honra e gloria do Senhor!

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  3. Caramba, Marcos.......que forte ! Vc faz perguntas que valem a pena serem respondidas e nos fazem pensar muitoooo.....aguardando ansiosa pela continuação.

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